passou janeiro, nem parece que começou o ano… até porque o carnaval vai ser lá em março, quase perto do são joão, mas tem gente, muita gente, trabalhando. como o sebrae, por exemplo. e eu tive a sorte de ser convidado para uma conversa com todos os novos superintendentes da instituição que, por variadas razões, sempre penso como o "serviço brasileiro de educação empreendedora", como se fosse sebraee, assim mesmo com dois "e" no fim da sigla. como aqui em pernambuco e de resto, no brasil, a pronúncia é muito mais pra sé-brái que para sê-braê… acho que minha interpretação não fica muito longe da realidade. até porque todo mundo com quem converso no sebrae entende que um dos principais papéis da instituição é mesmo o de ser a excelência e referência nacional em educação empreendedora.
pois bem. estive no sebrae nacional para uma palestra dia 27 de janeiro passado e vou tentar, nos próximos posts, escrever o que falei e parte do que ouvi, até porque um dia pensei em escrever um livro sobre este assunto e nunca tive tempo. dadas as liberdades de conteúdo e estilo aqui do blog, dá pra gente discutir a essência das coisas sem se preocupar com formalidades e detalhes. é bom dizer, antes de começar pra valer, que tudo o que vai ser escrito a seguir é de minha pena e responsabilidade. agradeço o sebrae o convite para fazer estas reflexões e espero que, ao torná-las públicas, esteja contribuindo para uma maior disseminação e entendimento do que vem a ser empreendedorismo, dentro de um contexto de inovação, no brasil.
no que se segue, vamos ver imagens correspondentes aos slides da palestra do 27 de janeiro passado, na sequência apresentada, comentadas como se eu tivesse escrevendo para um público mais amplo a palestra que fiz para o sebrae. como nunca tentei este formato antes, não sei se vai dar certo nem se vai ser útil, nem para mim nem para os leitores. mas quem não tenta só erra e esta não é a minha linha de negócios. feitas as salvaguardas, vamos simbora.
links para os textos seguintes da série: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17…
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o meu primeiro slide só tinha uma palavra:
porque estamos falando de empreendedorismo e todo bom empreendimento, toda boa empresa, é uma boa escola. e não há exceções. ao ponto em que o colaborador de um negócio qualquer deveria, pelo menos uma vez por semana, se perguntar o que aprendeu nos últimos 7, 14, 21 dias. se, vez após vez, a resposta for muito pouco ou [quase] nada, é hora de procurar algum lugar que, junto com seus colaboradores, esteja construindo o futuro. em quase todos os lugares onde não aprende nada, isso não ocorre porque não há problemas, mas porque certos tipos de cegueira cognitiva reinantes no empreendimento impedem que se faça as perguntas que, feitas, criariam as oportunidades de aprendizado para todos. e negócios onde não se aprende o tempo todo, em tempos de economia do conhecimento, estão a caminho do grande cemitério dos CNPJ…
o sebrae –como muitos outros agentes públicos e privados- é um empreendimento que busca melhorar as condições para que tantos quantos queiram empreendam, cada vez mais e melhor. cada um destes agentes é, essencialmente ,um negócio de educação. na verdade, se a economia é do conhecimento, todos os negócios, públicos e privados, são ou estão centrados em educação. se olharmos para a imagem abaixo…
…e levarmos em conta as últimas décadas da vida nacional… uma possível interpretação é que levamos um longo tempo para por em ordem um número de aspectos essenciais à existência ordenada do país. a ordem democrática e a ordem econômica são duas conquistas que não podemos minimizar de nenhuma forma, sob pena de, esquecendo o passado, comprometer o futuro. em tempos mais recentes, houve também um grande progresso na ordem social, trazendo para a cidadania um sem-número de indivíduos e famílias que viviam completamente à margem da sociedade. mas isso não basta.
depois de dar os primeiros passos na direção de um país sem sobressaltos em qualquer das outras ordens, é preciso fazer muito mais, é preciso fazer com que cada cidadão entenda seus direitos e deveres, suas escolhas e riscos, o valor de sua contribuição à nação, seu poder como pagador de impostos e eleitor. sem esquecer de sua potencial contribuição econômica, ainda mais como empreendedor de si mesmo em uma economia onde conhecimento em rede é cada vez mais o principal vetor de atividade.
não é a toa que vemos, no imaginário e voz de candidatos e governantes, frases como…
…ocorrem com frequência e importância cada vez maior. este slide, em particular, é a fusão de duas declarações [esta e esta] da então candidata dilma rousseff, ditas no segundo semestre de 2010. aqui, como nos EUA, no mais recente state of the union address do presidente de lá, educação está sendo tratada, pelo menos retoricamente, como a "prioridade das prioridades" e como o único seguro seguro contra os males que atacam países e povos menos afortunados, como a miséria física, espiritual e política.
parece que o brasil está entendendo, tardia mas finalmente, que chegamos num platô de performance, como país, do qual dificilmente sairemos sem um aumento significativo da quantidade de pessoas que tenham passado, com uma boa performance, por um sistema educacional de qualidade.
tais sistemas, e não por acaso, não "fabricam" conhecimento em série, qual linhas de produção da revolução industrial. para atender educandos em quantidade e qualidade para as demandas de um país complexo em um cenário internacional de competição sem fronteiras [ou quase], é preciso que o sistema educacional seja baseado em métodos e mecanismos de criação de oportunidades de aprendizado que só costumamos ver como exceção no nosso ambiente educacional.
para competir mais e melhor, e em muito mais cenários [estamos indo muito mal na cena industrial de maior sofisticação, por exemplo] é preciso mais e melhor educação. mas não só. educação pura e simples pode levar a um tipo peculiar e muito danoso de exclusão, se não for combinado com…
…oportunidade. porque expressão educação + oportunidade resulta em…
…que é algo mágico na vida das pessoas, comunidades e países.
imaginar um futuro [muito] melhor do que o presente [e o passado] e saber que [mesmo paulatinamente] estão sendo criadas as condições pessoais e contextuais para se chegar onde se quer é essencial para desarmar muitas das agruras, queixas e tensões do presente. ao contrário, quando "não se tem nada a perder" o resultado pessoal e social são os problemas que vemos em boa parte da juventude deseducada e sem oportunidades que temos na periferia de nossas cidades, onde a violência –às vezes pura e simples- destrói vidas e, talvez ainda pior, mais esperança… e mais vidas, ad infinitum.
a combinação de educação e oportunidade [de empreendimento, inclusive] é muito mais do que um macroprocesso social de negócios, comércio, serviço e indústria. é uma condição essencial para o desenvolvimento sustentado de qualquer tipo de sociedade, em qualquer época e lugar.
neste cenário, qual é o papel das políticas públicas e seus agentes?… isso é o que veremos no próximo capítulo, amanhã. até lá.