SILVIO MEIRA

eventos, tecnologia e segurança

Edward davis, chefe da polícia de boston, disse claramente que tecnologias de identificação de imagem não ajudaram a encontrar os suspeitos do atentado na maratona de boston. não foi possível casar fotos dos dois irmãos, que estavam nos arquivos oficiais, com as imagens que todos conhecemos, da maratona. se este tivesse sido o caso, a polícia poderia –quem sabe- ter chegado de surpresa na casa dos suspeitos e diminuído consideravelmente a tensão e confusão em boston.

já as câmeras nas ruas, desde as de segurança, nas lojas, às dos espectadores, em cada mão, foram essenciais. pois de lá vieram imagens que, repetidas à exaustão, ajudaram a identificação dos suspeitos. mas a liberação das imagens, pela polícia, para a mídia e redes sociais, levou tempo e só saiu depois de intenso debate.

agora se sabe que um dos irmãos foi ao daguestão e chechênia por 6 meses, mas o FBI não sabia disso porque seu nome estava escrito erradamente. isso nos leva a crer que a tecnologia de busca em uso no sistema de segurança dos EUA não dá conta dos erros de grafia [como google e bing fazem, por exemplo]. e errar o nome não foi “parte do plano”, porque foi a empresa aérea que errou. tudo bem que não é um sobrenome normal como “smith”, mas não devem ter trocado 4 letras…

será que o uso apropriado de tecnologias [existentes, e não de ficção] poderia ter evitado o atentado? uma maratona urbana envolve toda uma cidade, assim como uma olimpíada [que tem uma maratona]. em menor escala, o mesmo acontece em um jogo de futebol. é possível mapear os pontos onde a segurança é mais crítica, como a linha de chegada de uma corrida, onde mais gente vai se concentrar. assim como, na saída do estádio, a probabilidade de conflito entre torcidas organizadas é maior do que no dia seguinte. tal conhecimento, em cada tipo de evento, pode ser usado para se investir e usar tecnologias para aumentar a segurança do cenário e, nele, de competidores e espectadores. mas deve ser claro que é impossível fechar uma cidade para uma maratona ou vasculhar cada pacote ou mochila, talvez de milhões de pessoas, para garantir a segurança total de uma olimpíada.

este é o problema que o brasil vai enfrentar muito em breve. parte da segurança é determinada pelo contexto. nos EUA, os suspeitos compraram armas, munição e material para fazer bombas caseiras –em panelas de pressão, como sabemos- que estão sendo consideradas armas de destruição em massa, acusação que os EUA e UK já fizeram a saddam hussein, à guisa de argumento para invadir o iraque.

e aqui, falando em contexto e alguém interessado em comprometer a segurança da copa e dos jogos ter acesso a armas, munições e explosivos? sem entrar em muito detalhe, pois se trata de uma longa história, de muitas considerações, minas gerais já presenciou 114 explosões de caixas eletrônicos este ano e a polícia de lá acabou de apreender um carro que transportava mais de meia tonelada de dinamite. e você diria: nada, somos um país pacífico, onde dinamite só é usada para explodir caixas eletrônicos, isso é coisa do crime [des]organizado. pode ser, pode ser. mas se o terrorismo [organizado ou não] aproveitar tal contexto e agir por aqui, não há nada que tecnologias de informação e comunicação possam fazer para evitar um mal maior. se panelas de pressão com explosivos de baixo teor causaram todo o caos de boston… é fácil imaginar o que bananas de dinamite podem fazer no brasil.

e é impressionante que haja gente dirigindo mais de 500kg de dinamite por aí e isso não seja considerado um problema de segurança nacional. contra isso, qual é o uso de controle informatizado de imigração, câmeras de segurança e sistemas de reconhecimento de imagens?…

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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